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O Casamento


Era mês de outubro, estação de outono, época em que o amor fica à flor da pele. Liv encontrava-se em seu escritório, sentada em sua cadeira executiva preta e cercada por inúmeros papéis brancos, pensando consigo mesma:
- Poxa, namoramos há quase três anos, deveríamos estar marcando a data do nosso casamento nesse momento.
De repente, o som do telefone interrompe seus pensamentos. Era Emma, sua melhor amiga.
- Você não acredita o que me aconteceu nessa noite maravilhosa. Diz Emma.
- O quê? Indaga Liv, sem muita paciência para ver tamanha felicidade.
- Estou noiva! Diz ela, com ar de deslumbramento.
- Sério? Ah... Não acredito... É serio mesmo? Indaga novamente Liv, decepcionada e feliz por sua amiga.
- Sim amiga, o Ben me pediu em casamento e em uma época completamente perfeita para um momento como esse. O mais engraçado é que ele escondeu o anel dentro da primeira garrafa de vinho que pedimos, acredita? Foi demais. Conta Emma.
- É... Que bom. Fico feliz por vocês. Contem comigo para tudo que precisarem. Finaliza Liv.
Essa ligação seria o início de toda a jornada que viria pela frente. Liv não se conforma de Emma ter sido pedida em casamento antes dela, afinal, ela costumava sempre ser a número um em tudo e não perder absolutamente nada para ninguém.
As duas eram amigas inseparáveis, compartilhavam de tudo desde os três anos de idade. Acreditava-se que nada poderia abalar aquela amizade perfeita, mas infelizmente algo de muito inesperado estava para acontecer e mudar suas vidas.
Dias depois, Liv finalmente também foi pedida em casamento. Aquela angústia acabara ali. As duas amigas estavam felizes, radiantes, sonhadoras, seu grande sonho de casarem no Plaza estava prestes a acontecer, faltavam-lhes agora agendar uma hora com a organizadora de casamentos mais requisitada da grande Manhattan, Sra. San Claire.
Em frente à mesa da grande magnata de casamentos, as duas amigas marcaram a data. Era tudo perfeito, Liv casaria no dia seis de novembro e Emma, dia vinte e sete. Faltavam pouco mais de um mês, elas teriam de planejar tudo para o grande dia de suas vidas nesse pouco espaço de tempo.
Teria tudo ocorrido conforme o planejado se não fosse pelo seguinte motivo: foram comunicadas que a secretária de Sra. San Claire havia confundido as datas, o que significa que ambos os casamentos estavam marcados para o mesmo dia, seis de novembro.
- E agora Emma? Eu quero você no meu casamento como minha madrinha. Diz Liv.
- É tudo que eu sempre quis Liv, casar no Plaza no mês de novembro e ter você ao meu lado. Indaga Emma, desesperada.
- Parece que não tem jeito. Para termos uma à outra e casarmos no Plaza, uma de nós terá que ser flexível e mudar a data do casamento. Alfineta Liv com seu poder de convencimento.
- É... uma de nós terá que ceder e mudar a data. Uma de nós ligará para a outra comunicando sua decisão, combinado?
- Combinado. Responde Liv.
Nesse momento, o coração das duas batia mais forte a cada segundo, suas cabeças estavam prestes a explodir de tanta tensão, seus corpos tremiam, roíam as unhas, comiam sem parar, tudo para diminuir a ansiedade. Com certeza aquela amizade estava em risco.
Passados alguns dias, Liv, determinada e pretensiosa como sempre, enviou os pré-convites para todas as suas amigas, comunicando a data do casório. Decepcionada, Emma decide entrar nessa briga e enviar também seus pré-convites, comunicando a mesma data. Estava feita a confusão.
Aquela amizade de quase trinta anos definitivamente encontrava-se abalada. Nenhuma das duas havia cedido. Começava agora uma grande guerra.
As duas haviam contratado o mesmo DJ para tocar na festa, os mesmos convidados, o mesmo padre, o mesmo coreógrafo, os mesmos padrinhos. Seus dias foram amargos desse momento em diante, afinal, não tinham mais uma a outra, não tinha a melhor amiga para pedir opinião sobre qual vestido comprar, que cor de flores pedir, qual o melhor buquê de rosas. Foi então que vieram as tentativas de vingança, Emma forjou o xampu de Liv enquanto essa estava no salão de cabeleireiro, alterando assim a cor da tintura, fazendo com que o cabelo de Liv ficasse azul. Liv aumentou a cor do bronzeamento artificial de Emma, deixando-a. E mais uma série de absurdos.
É chegado o grande dia, o Hotel Plaza já totalmente decorado, repleto de flores e glamour, a cor do amor fazia a grande decoração daquela noite. As respectivas noivas incubadas em seus camarins, todos os convidados meio que divididos nas duas cerimônias. Qualquer coisa poderia acontecer naquele espaço conturbado.
Mas as deslumbrantes noivas, apesar de ser o grande dia de suas vidas, não se sentiam felizes. Liv sentia falta de Emma, e esta não queria mais ninguém do que a amiga ao seu lado.
Minutos antes da cerimônia ...
- O que houve minha filha? Pergunta o pai de Emma.
- Nada papai, é só que... Ah, você sabe, estou feliz, mas não estou feliz. Falta-me um pedaço. Ainda não acredito que ela teve a coragem de fazer todas aquelas injustiças contra mim, tentou arruinar meu casamento. Não sei se um dia conseguirei perdoá-la.
- Minha filha, pense em tudo o que já viveram juntas. Será que essa grande guerra vale mesmo à pena? Será que sua amizade com Emma não é maior do que esse orgulho? Nada substitui a presença de uma grande amiga, o calor de uma amizade, a confiança, o companheirismo, a irmandade. Valeu mesmo à pena todas as ofensas que vocês fizeram uma à outra? Estão agora as duas aí, fingindo uma felicidade que mais é superficial. Imagino como está seu coração. Não me responda nada, apenas reflita.
- Ela sempre teve esse jeito durão, sempre quis tudo para ela, sempre quis ser a número um. Eu nunca fui a número um, ela sempre escolheu o que era melhor para mim sem ao menos perguntar o que eu realmente queria.
- Querida, apenas reflita.
Aquela conversa tocara o coração de Emma de tal forma que a deixara completamente abalada e incapaz de realizar sua cerimônia. Cada minuto era decisivo naquele instante. Emma saiu correndo, vestida de noiva e de buquê na mão, até o salão de festas onde acontecia o casamento de Liv, interrompeu a cerimônia, abraçou a amiga e as duas derramaram-se em lágrimas.
Poucos instantes depois estava Emma no altar, em sua postura de madrinha da noiva. Olhando para sua melhor e magnífica amiga realizar seu grande sonho. Deram-se conta de que existem amores na vida que são mais valiosos do que situações, você pode encontrar a pessoa que lhe completa em um namorado, mas também essa pessoa pode ser aquela que esteve ao seu lado o tempo todo e que está ali para o que der e vier. Com certeza aquela era a união mais perfeita.


Inspirado no filme Noivas em guerra ;*
Um conto de Talita Cavalcante.

3 comentários:

Beni de Oliveira

Muito bom e bem elaborado os textos, e de bom gosto o conteúdo, parabéns a idealizadora desse blog!

Talita Cavalcante

Obrigada Beni!

Ludiana Maia

super legal o texto, mas nao gostei mto do final. A liv eh q devia cerder. q coisa...

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